Recentemente
a televisão resgatou a trajetória dos irmãos Villas Boas,
defensores intransigentes da cultura indígena e intelectualmente os
criadores, junto a outras personalidades do cenário politico,
cultural e cientifico, como Darcy Ribeiro, da reserva indígena
“Parque Nacional do Xingu”, em 1961.
Essa
vitória em 1961, era o desfecho da luta iniciada décadas antes pela
preservação dos habitantes naturais do Brasil e que trouxe Orlando
Villas Boas à cidade de Mogi das Cruzes, nos dias 28-29 de dezembro
de 1957, anunciado-se no jornal da cidade, a concorrida palestra.
Dando
sequencia a ações que visavam trazer ao grande público o
conhecimento em torno das etnias indígenas e a criação de
reservas que os possibilitassem viver, era o que trazia Orlando
Villas Boas à cidade, acompanhado do deputado socialista Germinal
Feijó, amigo de Mário de Andrade e de Antônio Cândido, que o
considerava uma pessoa extremamente combativa.
Para entender a presença de Villas Boas na cidade, voltemos para meados do século passado, mais precisamente nas décadas de 40 e 50, quando parte da etnologia brasileira acreditava que os indígenas e sua cultura estavam destinados à extinção.
Para entender a presença de Villas Boas na cidade, voltemos para meados do século passado, mais precisamente nas décadas de 40 e 50, quando parte da etnologia brasileira acreditava que os indígenas e sua cultura estavam destinados à extinção.
Contrario
a esta crença, o Serviço de Proteção aos Índios divulgava, a
partir de 1942, as suas ações de preservação e instalava uma
seção de estudos para pesquisar as sociedades indígenas, sendo que
Darcy Ribeiro ampliou essas ações de conhecimento das sociedades
indígenas ao inaugurar em 1953 o Museu do Índio no Rio de Janeiro.
Nas ações
de campo os irmãos Villas Boas estavam presentes no Alto Xingu desde
1943 com a expedição Roncador-Xingu.É de Orlando Villas Boas as
palavras a seguir:Em 1940, as
frentes de seringueiros [extratores da seiva dos seringais,], no rio
Xingu, no rio Iriri, no rio Iriri alto e no rio Iriri baixo,
costumavam entrar nas aldeias indígenas e davam arsênico com
farinha para fazer o índio desocupar a área. Nós vimos,
assistimos, até muito pouco tempo [atrás], na década da 60,
seringueiros de Mato Grosso metralhando índios nas aldeias de
[índios] Cinta-larga em Aripuanã [município do estado de Mato
Grosso, localizado na Amazônia]. Nós assistimos e foi feito um
processo que foi encaminhado até o Serviço Nacional de Segurança,
de pioneiros a mandado de seringalistas [seringueiros, donos de
seringais], que pegavam índias, abriam, amarravam as pernas e
cortavam de facão.
Dos
irmãos Villas Boas, Darcy Ribeiro escreveu que “Tinham
uma consciência aguda de que, se os fazendeiros penetrassem naquele
imenso território, isolando os grupos indígenas uns dos outros,
acabariam com eles em pouco tempo. Não só matando, mas liquidando
as suas condições ecológicas de sobrevivência.”
Segundo
o próprio Orlando, três lemas pautaram sua ação e de seus irmãos:
1) não há
lugar para o índio na sociedade brasileira de hoje, 2) o índio só
sobrevive dentro de sua própria cultura, 3) já que o civilizado não
pode levar nada de bom ao índio, pelo menos respeitemos sua família.
Hoje, perto de Mogi, em Bertioga, assistimos a situação
dos índios Guarani do Rio Silveiras, tentando sobreviver, em meio ao
contato com uma civilização que mais tira do que lhes dá.
Fontes
Arquivo O Diário de Mogi, dezembro de 1957 - fevereiro de 1958.
Arquivo O Diário de Mogi, dezembro de 1957 - fevereiro de 1958.
RIBEIRO,
Darcy. Confissões.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 194
http://www.revistadehistoria.PONTES, Heloisa. Entrevista com Antonio Candido. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 16, n. 47, Oct.2001. http://dx.doi.org/10.1590/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário