Os Banbeirantes Henrique Bernardelli |
Existem relações entre a modernidade e o passado?
Se existem, como funcionam?
No século XX, nas primeiras décadas aconteceu a Semana de Arte
Moderna de 1922, São Paulo vivia dias agitados, com as industrias e
gente nova, muita gente nova na cidade, nos cortiços que deram lugar
a grandes avenidas. Era a modernidade.
E Mogi das Cruzes, onde as tímidas manufaturas vão dando lugar às
fabricas, a luz elétrica ganha os cinemas, estradas de rodagem
cortaram a cidade e a primeira bomba de gasolina funcionou em 1924
para abastecer um dos símbolos da modernidade: o automóvel. A
modernidade vai chegando devagarzinho.
Mas é nesta mesma época que os apelos ao passado emergem em brasões
e símbolos (de várias cidades) para que as tradições sirvam de
legitimação para aqueles que as construíram e surjam como força
política de grupos políticos e econômicos.
Esses grupos fazem com que a sociedade apresente para si mesma a sua
origem, a sua substância fundadora (brasões, bandeiras).Segundo
Nestor Garcia Canclini “é a base de políticas culturais
autoritárias”.
Pretende-se que exista uma coincidência entre realidade e
representação (brasão), entre a sociedade e os símbolos que a
representam (brasão, bandeira, etc.).Isto se acha identidade
(palavra banalizada), o reflexo fiel da essência da cidade.
Celebram-se os acontecimentos fundadores, heróis, protagonistas e os
objetos que os evocam (bandeirantes e brasões).
Uma história calcada em vencedores, sem traumas.
Sem índios.
Sem negros.
Fonte
CANCLINI, Nestor Garcia, Culturas Hibridas : estratégias para
entrar e sair da modernidade. 2ed.S.P. : EDUSP, 1998, 385p.
Fonte da imagem
http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/atas/atas-IEHA-v2-166-177-maraliz%20de%20castro%20vieira%20christo.pdf
Nesta imgem Henrique Bernardelli retrata o bandeirante sem a altivez heróica, envelhecido e enfermo, bebe no riacho como aqueles que estão na mata, submetido à natureza
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