quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal de 1873 em Mogi das Cruzes

Corria o início da década de 1870 e o Brasil vivia o que os historiadores passaram a tratar por Questão Religiosa, que consistia resumidamente, em atritos entre o Estado e a Igreja.
COLESHILL, ENGLAND - SEPTEMBER 21:  Members of...Image by Getty Images via @daylife O pontificado do Papa Pio IX foi marcado pela predominância dos ideais conservadores (ultramontanos) materializados na encíclica Quanta Cura acompanhado do Syllabus Errorum que condenava a civilização moderna, o racionalismo, o liberalismo, o progresso, a separação entre igreja e Estado.Em suma pretendia a restauração do poder da Igreja em relação a sociedade civil.
No Brasil os bispos de Olinda, frei Vital Maria e de Belém, Dom Antonio de Macedo Costa eram, entre outros, os representantes dos ideais conservadores (ultramontanos) que dominavam a Igreja e combatiam além da civilização moderna, a maçonaria.
Em 1871 a primeira punição foi dada ao padre maçom Almeida Martins que fez um discurso em homenagem ao Visconde de Rio Branco (grão mestre maçom) e a promulgação da Lei do Ventre livre e fora suspenso.
O ano de 72 assistiu os ânimos se exaltarem, de ambos os lados Estado e Igreja, e uma crise de proporções nacionais se precipitou.
Em Mogi das Cruzes, em 1873, uma autoridade assistia a missa de Natal na Igreja decorada por um altar barroco e provavelmente embalada por um vilancico natalino.É desta autoridade que partiu o relato.
“Na noite de 24 para 25 do corrente, por occasião da missa, o Rdo vigário Antonio Candido d’Alvarenga publicou a carta pastoral do Rdo bispo d’esta diocese e a lettra apostólica do Sumo Pontífice (...)
Antes da leitura de ambas essas peças, aquelle parocho, movido por espírito satânico, recomendou aos fieis que se abstivessem da maçonaria que era composta por assascinos, ladrões e prevaricadores, que o governo de S M o Imperador injustamente procedia contra os bispos(...)
O cura d’alma abundou em outro insultos em desabono ao Governo Imperial(...)”
Completava o relato dizendo ser crime ir contra as leis do país, pregar a desobediência e crime cometido por funcionário publico, pois, como pároco Antonio Candido recebia subvenção do Estado.
A “ Questão Religiosa “ chegava a Mogi das Cruzes através de um membro da Igreja que defendia as idéias ultramontanas e os bispos punidos pelo governo imperial, gerando com isso descontentamentos, desconfianças e pedidos de punição ao religioso.
No inicio do ano seguinte (1874) os desdobramentos levaram os bispos de Olinda e Pará à prisão com a conseqüente condenação a quatro anos de prisão com trabalhos forçados.
A grafia das letras em itálico respeita o documento
Veja o documento abaixo:fonte DAESP caixa 1113
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