sábado, 12 de novembro de 2011

A escravidão em Mogi das Cruzes II 1872


A leitura e interpretação dos censos indicam possibilidades de pesquisa em História.
A população livre no município de Mogi das Cruzes pelo censo de 1872 era de 15033 habitantes, sendo 10301 em Mogi das Cruzes, 1788 na Freguesia de Itaquaquecetuba, 1463 na Escada e 1531 em Arujá. No município de São José do Paraytinga havia 3042 livres.
Dentre os livres havia no recenseamento de 1872 as seguintes categorias: sexo, estado civil, brancos, pardos, pretos, caboclos, religião, nacionalidades, instrução e casas.
O quadro geral da população escrava contava com as categorias sexo, estado civil, raça, religião, nacionalidade e grau de instrução.
A região de Mogi das Cruzes contava com 1496 cativos, Santa Isabel 1105, Santa Branca 967 e São José do Paraytinga 161.No quesito instrução, a cidade de Mogi apresentava 1% da população escrava alfabetizados, enquanto em outras regiões esse número era menor ou nulo e somente Itu apresentava número semelhante a Mogi. Isto poderia indicar as características da região e da escravidão urbana , voltada para os escravos de ganho.
No quadro referente a “defeitos physicos” encontramos as categorias Livres – Escravos, com os seguintes números:Para os livres, entre cegos, surdo mudos, aleijados e problemas mentais encontramos por volta de 15% da população da região, sendo que o número de mulheres com problemas mentais superava em quase 40% o número de homens, o que poderia indicar as condições em que viviam e eram tratadas as mulheres.
Entre os escravos, em números absolutos, a maior deficiência física constatada no recenseamento, se dava na categoria “cegos”, o que confirmava o trabalho pioneiro do médico Manoel da Gama Lobo, "Da oftalmia brasiliana", publicada originalmente em 1865 sobre a deficiência nutricional causada pelas degradantes condições de vida do escravo e os problemas na visão decorrentes desta deficiência nutricional.
O trabalho excessivo, a alimentação insuficiente, os castigos corporais em excesso transformam estes entes miseráveis em verdadeiras máquinas de fazer dinheiro; sem direito de casamento, sem laço algum de amizade que os ligue sobre a terra, eles perdem o ânimo, sendo vítimas de opilações, úlceras crônicas, caquexias e todas as moléstias que são ocasionadas por uma alimentação insuficiente.” (Gama Lobo, 1865a, p.432).




VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de; SANTOS, Leonor Maria Pacheco. Tributo a Manoel da Gama Lobo (1835-1883), pioneiro na epidemiologia da deficiência de vitamina A no Brasil. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, Dec. 200Availablefrom. access on 26 Mar. 2011. doi: 10.1590/S0104-59702007000400013.



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