quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Despesas com o Lazareto do Itapety


Quando em 1887 a cidade de Taubaté instalou seu lazareto, enfrentou problemas com a recusa de soldados para transferir e/ou alimentar os doentes. A estrada foi cortada e vigiada por sentinelas para evitar a aproximação das pessoas.
Em Mogi das Cruzes temos uma lista das despesas com o lazareto do Itapety onde consta o trabalho de enfermeiras, remoção dos doentes, etc. Não há, no entanto, o serviço de um médico, nem indicação nesta ou em outras listas de aplicação de pus vacínico.
As despesas com o lazareto foram cobertas através de uma subscrição e parcialmente com doações da câmara, cuja arrecadação em 12 meses era aproximadamente dez vezes superior ao gasto total com o lazareto e cinquenta vezes maior que sua doação.
Nas listas não se encontra menção a médicos nem aplicação de pus vacínico, mesmo a câmara tendo entre suas despesas sempre a gratificação de um médico e o tratamento com homeopatias.
Fonte:DAESP, caixa 1113

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Lazareto de bexiguentos do Itapety


Após uma breve pausa, voltamos às postagens que serão regulares e terminaremos a série sobre a varíola em Mogi das Cruzes com três documentos referentes ao lazareto do Itapety.
Com as epidemias de varíola sendo uma constante em todos os lugares do mundo, no século XIX alem da vacinação, desenvolveu-se a idéia de colocar o doente em lazaretos, um lugar afastado das cidades onde colocavam as pessoas com doenças infecciosas.
Várias localidades nos E.U.A. adotaram a ação de isolar o doente e esta pratica passou a ser uma constante juntamente com a vacinação.Assim lugares afastados recebiam hospitais de isolamento como Dartford, bairro periférico em Londres-Inglaterra onde havia hospitais de isolamento na grande epidemia da década de 1880.
Em 1878 a câmara de Taubaté em suas Atas (vol.VII) discutiu a idéia de seguir o modelo americano de isolar o infectado, porem abandonou a idéia que somente seria utilizada na epidemia de 1887.
Na cidade de Mogi das Cruzes o “Lazareto de Bexiguentos do Bairro do Itapety” foi instalado em março de 1878, sendo que neste mês entraram 26 pessoas de 5 famílias diferentes e em abril 5 pessoas.Seis doentes faleceram após um período de 10-30 dias no lazareto.
Em Maio de 1878 o registro final apontava a saída de 25 pessoas e o falecimento de 6.
Fontes:DAESP caixa 1113, Arquivo Municipal de Taubaté, Atas da Câmara vol.VII

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Gêneros fornecidos para o Lazareto

O lazareto estava localizado num bairro rural da cidade, na Serra do Itapetí
Isolar seria a solução? E o pus vacinico. E a vacinação?
Nos anos anteriores a 1878, o vacinador provincial se queixava da comunicação com a câmara de Mogi a respeito da vacinação, utilização do pus vacínico e a existência de um vacinador municipal.
Na lista de gêneros enviados ao lazareto podemos notar que além dos itens básicos de alimentação como milho, feijão, farinha e outros como querosene e água ardente, figurava o consumo de frango para fazer canja, utilizada como “remédio” para recuperação de doentes, como indicava o Diccionário de Medicina Popular e também o conhecimento popular.




















Fonte:DAESP, caixa 1113
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domingo, 2 de janeiro de 2011

Varíola, bexigas e a vaccina

Se procurarmos por varíola em um dicionário de medicina do século XIX, encontraremos no Diccionário de Medicina Popular de Pedro Chernoviz de 1842 a definição de bexigas ou varíola.Após a descrição da doença, sua causa e sintomas assim se refere ao tratamento: ”Não possuímos meios de abreviar a marcha das bexigas, por conseguinte o officio da medicina consiste simplesmente em ajudar a natureza.”

Fonte Diccionario de Medicina Popular: http://www.ieb.usp.br/online/index.asp
Havia, no entanto, tentativas de prevenção e na palavra vaccina encontramos no dicionário: “Vírus particular, dotado da propriedade de preservar das bexigas, e chamado vaccina, porque foi colhido primitivamente das borbulhas das vaccas.”A vacinação seguia o seguinte processo:”Depois de pegar no braço...e estender a pelle com a mão esquerda, o vaccinador com a mão direita introduz... a lanceta...debaixo da pelle; demora-se assim alguns instantes , e depois tira a lanceta.Ordinariamente dão-se três ou quatro picadas em cada braço...Se para embeber a lanceta ou agulha não se puder molhar n’um botão vaccinal, o que se chama vaccinar de braço a braço, emprega-se o pus vaccinico conservado entre dois vidros.”
The first University of Medicine of the countr...Image via Wikipedia O pus vacinico era enviado às cidades e vilas para que um comissário vacinador municipal procedesse à inoculação, mas todo este procedimento causava receio na população, e em todo lugar havia o medo da vacinação.



O comissário vacinador municipal era indicado para Mogi das Cruzes em 1854 e o pus vacinico enviado para a cidade em 65 e 67 sendo que um novo comissário vacinador foi indicado em janeiro de 1868.Este mesmo comissário pediu exoneração do cargo de vacinador em dezembro após passar quase um ano e não coseguir vacinar ninguém:”...até hoje ainda não se appresentou uma única pessoa para ser vaccinada...”

 





 





























Fonte:DAESP caixa 936
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/viver/poder_frame.php?cod=26553&nomen=0093603091&img=ODSP0093603091_001.jpg



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