sábado, 14 de abril de 2012

São Benedito, o Largo Bom Jesus e as cavalhadas

Segundo a agenda do Conselho Nacional das Irmandades de São Benedito do Brasil, várias cidades realizam a festa do santo no mês de abril, algumas na segunda feira após a pascoa, outras uma semana depois e ainda cidades que realizam a festas no dia dedicado ao santo, ou seja, 05 de outubro, dia de sua festa litúrgica, dia de São Benedito.

Tradicional no início do século XX, a festa de São Benedito em Mogi das Cruzes era realizada no mês de outubro, com atividades no Largo Bom Jesus, possivelmente desde o final do século XIX quanto do translado da imagem de São Benedito, da Igreja do Carmo para a Igreja do Bom Jesus, sendo que tanto o jornal “A Vida” nos anos 20, quanto “O Liberal” nos anos 30, se referiam a festa realizada “Há muitos decênios” na cidade.

Tratada como um dos acontecimentos religiosos mais belos e tradicionais, com grande participação das pessoas e depois dos preparativos do festeiro, chegado o mês de outubro, o jornal anunciava no “modesto e vetusto templo do Largo Bom Jesus” a missa cantada, levantamento do mastro, leilão de prendas, procissão percorrendo as ruas da cidade acompanhada das corporações musicais Santa Cecilia e Guarany, a “ tradicional cavalhada “ e o moçambique no largo, terminando com a eleição da mesa diretora da Irmandade de São Benedito.

Luís da Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro define São Benedito como patrono dos africanos que ”em seu louvor celebravam festas religiosas, em que se exibiam diversões profanas ' e citando a cidade de Cunha, no Vale do Paraíba, São Paulo, diz que 'persiste a crença de o santo ter inventado a dança Moçambique tão popular na região,' pois, ' São Benedito era trabalhador na roça e para descanso, ele inventou a dança de moçambique”.Portanto, havia e há elementos na festa deste santo que são expressões da vida do caboclo e neste sentido, notamos na festa uma identidade dos participantes e devotos com São Benedito, santo negro, que na crença interiorana era lavrador.

Em Mogi das Cruzes o patrimônio imaterial representado pelas festas de cunho religioso, acompanhado de manifestações populares que lhe davam características profano sagradas, ainda é pouco conhecido em vista das inúmeras festas realizadas e da falta de estudos sistematizados.

Essas manifestações da vida lúdico religiosa ultrapassavam o âmbito familiar encontrando na festa de bairro ou cidade sua unidade básica de manifestação, sendo que, tal devoção da população local promovia uma coesão social .


Fontes:

AHMC – Jornal “A vida”, Jornal “O Liberal”

CONISB http://www.conisb.com.br/agenda.php

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