quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mogi oculta: lugares e pontos de devoção popular

Mogi se orgulha de sua História de 400 anos, mas se esquece muito rápido desta mesma história. Uma cidade quatrocentista que mostra em seu patrimônio material, aspectos ocultos e simbólicos, raros à percepção da população.
É importante para a região discutir a História local em um contexto onde, a região do Alto Tietê, que atravessa um crescimento demográfico grande, gera demandas das populações novas que não conhecem o lugar, sua cultura e sua história, assim como dos habitantes antigos, que se voltam para a manutenção de sua identidade, por conta deste crescimento da cidade e outros fatores que, em uma sociedade globalizada favorece a fragmentação destas mesmas identidades.
Com a modernidade estes símbolos passam despercebidos pelos cidadãos. Monumentos como o Obelisco, a Gruta Santa Terezinha,  ou mesmo os vitrais expostos na Catedral de Sant’Anna, são artefatos excluídos da  percepção do mogiano.
Inúmeros fatos contribuem para este cenário de perda cultural, tais como, a poluição visual e o desenvolvimento urbano que acarretam desvios de olhares sobre uma cidade que enraíza em seu intimo aspectos esquecidos, ocultos e desconhecidos.
Trabalhar a História, num sentido amplo, significa conhecer e revelar o passado. Mas podemos perguntar: há uma seleção do que se deve conhecer? Quem seleciona e a quem serve esta seleção?
Para melhor desenvolver esta linha de raciocínio, podemos pensar no significado de três palavras: velar, desvelar e revelar.
Se procurarmos o sentido de velar, vamos encontrar a definição, esconder, dissimular, prejudicar a formação da imagem. Assim, para conhecer uma dada realidade, necessitamos, obrigatoriamente, passar pelo estágio de desvelar que significa aclarar, elucidar, para então atingirmos o sentido de revelar, significando descobrir, mostrar, divulgar.
Há um esquecimento, e neste sentido um ocultamento, onde o conhecimento histórico é sempre expressão de uma postura política: se de um lado são contraditórios (como a própria história), por outro, são percebidos segundo o tempo, o lugar, a classe e a ideologia (e por isso são ocultados). Cabe portanto, ao historiador, procurar evidenciar estes fatos, sem deformações e ocultações, como evidenciado na iconografia memorialista, referente ao quarto centenário da cidade, ao  apresentar uma certa noção de progresso e desenvolvimento, viável apenas a partir de uma representação dos tipos humanos presentes na região.
De outro lado, em pontos de devoção popular na cidade de Mogi das Cruzes, o catolicismo tem uma função mais social do que religiosa, exibindo um caráter utilitarista, capaz de gerar um sentimento de identidade e também relações de poder.
Aguardem, nas próximas postagens continuaremos a explorar esta mesma temática - esquecimento/ocultamento - com novos documentos e imagens reveladoras deste imaginário.
Antonio Sérgio Azevedo Damy
Angelo Nascimento Nanni
Glauco Ricciele P. L.C. Ribeiro
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