quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Deus não é culpado nem a natureza

As águas do verão seguem o roteiro de todo ano: enchentes, estragos, vítimas, que colocam em cheque nosso modelo de desenvolvimento e a (re) produção do espaço urbano.
São construídas marginais, avenidas, ruas ao longo da várzea dos rios. Nossa sociedade privilegia a produção do capital materializado numa rede de circulação e comunicação.
A especulação imobiliária e os interesses fundiários são responsáveis pelas tragédias sociais, que não são fenomenos naturais como as emissoras de televisão, jornais e algumas autoridades comumente apontam.
Não é uma situação nova ou de alguns anos. É muito antiga e o problema só se agrava.
Ano Novo 1º de Janeiro de 1850, terça-feira, o dia da circuncisão do Senhor, Lua cheia se movendo lentamente em direção ao seu apogeu no dia 12, segundo o calendário do Almanak Laemmert para 1850. Mas a situação não dependeria da posição dos astros no céu.
Neste dia à tarde, a cidade de São Paulo vivenciou, segundo a comissão de vereadores encarregada do levantamento de prejuízos causados pela enchente de 1º de janeiro de 1850, “uma calamidade athe então nunca vista entre nós” ou pelo relatório do presidente da província de São Paulo em 1850, este dizia:”Nesta Cidade uma espécie de dilúvio, causado pela chuva copiosissima da tarde de 1º de janeiro, chuva como aqui não há memória de ter-se visto igual...arrasou e estragou não pequeno numero de casas.(...)
A segurança e consolidação do açude (do Jardim Público) é de absoluta necessidade:se for arrombado causará os maiores estragos, e não deixará em pé casa alguma em todo o Valle do Anhangabaú”.
Os moradores do bairro do Bexiga, também atingidos, em abaixo assinado representavam à Câmara Municipal contra a pretensão de um particular que pretendia construir junto a ponte do Piques, retendo as águas e impossibilitando sua livre passagem. No mesmo documento retratavam a obstrução do ribeirão Anhangabaú pelo lodo e cobravam as providencias prometidas pelas autoridades e não cumpridas após o “dilúvio” de 1º de janeiro de 1850.




















Fontes:
Arquivo Municipal da cidade de São Paulo
UOL. Galeria exibe 55 imagens de enchentes em São Paulo. Entretenimento. Disponível em <http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/2010/08/18/galeria-exibe-55-imagens-de-enchentes-em-sao-paulo.jhtm>. Acesso 03 Fev 2011.

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