sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Freguesia da Escada, mulheres, tropeiros e violeiros

A região compreendida por Mogi das Cruzes - Jacareí era a que apresentava o maior número de condutores de tropas domiciliados em relação às cidades do Vale do Paraíba.Mogi das Cruzes - Jacareí apresentava para os anos 1820 -1822 o total de quarenta condutores, Taubaté 32 e as demais cidades do vale entre dois e quatro condutores.[1]
Surgiam negociantes que trabalhavam com fornecimento de bestas e gado para o Vale do Paraíba e Rio de Janeiro, como Antonio da Silva Prado, o barão de Iguape, comerciante de gado.
Como local de pouso de tropas e exatamente entre Mogi das Cruzes e Jacareí a Freguesia da Escada possivelmente tinha tropeiros domiciliados.
Já vimos em texto anterior que a viola sempre acompanhava o tropeiro como nas andanças das tropas do Barão de Iguape onde havia um condutor chamado Cantante e nas paradas a viola era a diversão que acompanhava o lundu ou o batuque.
No pouso da Freguesia da Escada a viola era uma constante junto aos tropeiros e o ritmo do batuque e os toques de viola incomodavam as autoridades constituídas e o que era tido como o bem viver.
Na tentativa de disciplinar e regular a vida de uma sociedade desigual baseada na escravidão, tínhamos os termos de bem viver que normatizavam a moral aos olhos de um juiz de paz.
É disto que trata o presente documento de :
Mariana de Lima Camargo, Joaquina Maria de Jesus, Fabiana Maria Almeida, ” a todas estas pessoas, o dito juis de Paz fez ver que devem se comportar melho e com desencia e não fazerem ajuntamento de pessoas em sua casa viver honestamente a fim de não pertubarem o sossego publico com batuques de violla ou de gritarias e assim mais bebedeiras, o que elas prometerão viver onestamente, e não quebrar o termo que assignão, e por este termo se sujeitão a sofrer trinta dias de cadeia quantas vezes na reincidencia...”[2]
O texto em itálico respeita a grafia original do documento.

Viola artesanal de Santa Isabel feita pelo Sr. Luis que reproduz uma viola do século XIX com cravelhas de madeira

[1] - Petrone, Maria Thezeza Schorer, O Barão de Iguape, Cia. Editora nacional, SP, 1976, p. 73
[2] - Acervo do Forum, termo de bem viver, Arquivo Histórico de Mogi das Cruzes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário